Como cientista de dados estou sempre atrás de definições suficientemente robustas para incluir nas análises e modelos matemáticos e, sem querer, essa obsessão acaba transpassando para temas da vida cotidiana…por exemplo, acabamos de celebrar o fim do ano – mas qual é a definição de fim ou de início do ano? Em princípio, o 31 de dezembro é um dia como outro qualquer, dependendo somente sobre qual calendário estamos nos referindo – gregoriano, juliano, chinês, judaico, islâmico, etíope, juche, maia. Cada calendário possui sua própria contagem e ritmo, uns celebram esse dia em pleno verão, para outros já é inverno, alguns calendários são solares, outros lunares, enfim…
Uma forma interessante de definir o início do novo ano é pelo periélio, ou o que eu chamo de ano Kepleriano.
Chamamos de periélio o ponto da órbita do planeta Terra que está mais próximo do Sol, e o ponto em que o planeta está mais distante do Sol é chamado de afélio.
Em um nível astronômico a velocidade média dos planetas varia todos os dias. No entanto, no século 16, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler percebeu que esses corpos celestes aceleram à medida em que se aproximam do Sol. De forma inversamente proporcional, quando estão mais distantes da estrela, eles vão mais devagar. Esse fenômeno é conhecido como Segunda Lei de Kepler.
A cada ano que se inicia, a Terra inicia uma nova órbita ao redor do Sol. Nosso planeta descreve uma trajetória elíptica ao redor da estrela central do Sistema Solar, ao longo de 930 milhões de quilômetros. Quando chegamos ao mesmo ponto, um novo ano começa, em um nível astronômico . Além disso, a cada ciclo que se inicia, chega um momento em que a Terra atinge sua velocidade orbital máxima.
Em 4 de janeiro de 2023, estando no periélio, nosso planeta atingirá sua velocidade orbital máxima durante todo o ano. Neste ano de 2023, o planeta acelerará em média 3.420 quilômetros por hora acima da velocidade normal de cerca de 107000 quilômetros por hora!
Este evento não tem consequências na vida como a conhecemos (pelo menos até agora…). Pelo contrário, é um fenômeno natural e recorrente, que acontece a cada ano que passa. Mas, é uma definição robusta que não depende em qual hemisfério estamos, se no norte ou no sul, nem de qual calendário foi escolhido como referência.
Que essa velocidade máxima que atingiremos nesse 04 de janeiro sirva como um impulso às nossas aspirações, mesmo sabendo que depois, inevitavelmente, ela irá diminuir e novamente aumentar, em um processo que me lembra uma outra imagem – a maldição de Sísifo! – mas já isso é uma outra história, que comentarei em outro post.
Feliz ano Kepleriano! Viva o novo periélio!
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